terça-feira, 5 de outubro de 2010

Gêmeos: quando os pais têm que fazer a diferença

Como tenho chances de ter filho gemios busquei algo sobre...

Eles têm o mesmo rosto e a mesma voz, mas não a mesma identidade
Ter filhos gêmeos é sempre uma bênção, mas é claro que, devido à raridade do fenômeno, são poucos os casais que se preparam para receber dois bebês de uma só vez. Mas também não é nenhum bicho de sete cabeças, os principais cuidados são os mesmo, a diferença se dá em como os pais vão dividir a atenção para os dois e como vão cuidar da individualidade de cada um.
Geralmente, pais de gêmeos gostam de vestir os dois com a mesma roupinha, andar com eles em carrinhos duplos, fazê-los manter sempre a mesma atividade - se um joga tênis, o outro joga também, se uma faz balé, a outra também tem que fazer. Tudo isso é muito bonito na teoria, mas na prática acaba reprimindo a individualidade dos dois.
No caso de gêmeos de sexo diferente, a própria circunstância acaba criando a diferença, mas ainda assim é bom deixar o gênio de cada um se desenvolver sem remeter sempre à sombra do outro. Todos os irmãos gêmeos têm certos problemas com essa coisa de fazer a vida de um ser espelho da do outro, mas os que realmente acabam sofrendo com isso são os gêmeos idênticos.
Para a psicóloga Paula Sampel, que trabalha com mães em amamentação junto à Prefeitura de São Sebastião, a mania de tratar os gêmeos idênticos de maneira igual precisa ser combatida pelos próprios pais, já que as crianças não vão reclamar disso nos primeiros anos de vida, mas vão sentir as conseqüências disso já na adolescência. Segundo Paula, "A igualdade só é saudável mesmo no período de amamentação, quando o mesmo carinho e atenção devem ser dados pela mãe a ambos. Porém, quando chegar a idade dos namoros e das primeiras responsabilidades, o jovem vai sentir a necessidade de se destacar no meio da multidão, e se você é sempre confundido com seu irmão isso acaba sendo um freio à sua auto-estima".
A teoria da psicóloga é justificada pelas irmãs Fernanda e Fabiana de Andrade, de 19 anos, que sempre fizeram tudo juntas, desde a escolinha de jazz até a faculdade de direito, que ainda estão cursando. "Eu lembro que na infância era até bom, a gente se valia dessa semelhança para tornar algumas brincadeiras mais divertidas ainda para nós, mas com o tempo passou a incomodar um pouco, eu queria ser eu mesma, ela também, mas era difícil porque nós aprendemos a ter os mesmos gostos, gostar das mesmas coisas e freqüentar os mesmos lugares, e muitas vezes as pessoas não sabem nem por que nome me chamar", relata Fernanda. Para acabar um pouco com a confusão, Fabiana adotou os cabelos curtos, para ficar em contraste com os longos cabelos da irmã.
Paula Sampel acredita que a vontade dos pais em criar um clima de união entre os gêmeos é natural, mas essa união deles é mais natural ainda. "A simbiose entre os gêmeos é natural, eles dividiram o esmo útero durante meses, eles sabem mais um do outro do que os próprios pais, por isso não precisa se forçar a barra entre eles, é claro que o medo dos pais é o de não deixar que sejam irmãos desunidos, mas a chance disso acontecer é muito difícil, porque a necessidade deles de estarem juntos surgiu desde antes do nascimento".
Existem também exemplos em que o cotidiano igual dos gêmeos acabe rendendo bons frutos. O caso mais conhecido no Brasil é o das irmãs da natação, Isabela e Carolina de Morais. Aproveitando a simbiose de origem intra-uterina, as irmãs conseguem realizar um balé de perfeita simetria, e assim formaram um dos melhores duetos do mundo no nado sincronizado. Um exemplo famoso do futebol é o dos holandeses Frank e Ronald de Boer. Os dois jogaram quase que a vida inteira nos mesmos clubes, e no começo da carreira eles eram atacantes do Ajax, e enfrentaram dificuldades para serem reconhecidos em campo por serem idênticos. Para acabar com o problema, Frank foi ser zagueiro e Ronald continuou no ataque, para não dividirem mais a mesma faixa do campo.

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